Maria é Mãe de Deus porque Jesus é Deus! Todas aquelas passagens da
Sagrada Escritura que dizem que Jesus é o Filho de Deus e que ele
nasceu de Maria são argumentos a favor desta verdade de fé. Ora, se
Jesus é Deus e Maria é Mãe de Jesus, a conclusão necessária é que Maria
é Mãe de Deus. A passagem do Evangelho de hoje nos transmite que Jesus
foi “concebido no seio materno” de Maria (Lc 2,21).
No século II, os Padres da Igreja estavam de acordo que Jesus nasceu
de Santa Maria Virgem e foi gerado verdadeiramente dela, ex Maria
Virgine. Essa verdade também estava presente na piedade dos fiéis, que
desde o século III rezavam aquela oração: “À vossa proteção recorremos,
Santa Mãe de Deus, não desprezeis as súplicas que vos dirigimos em
nossas necessidades, mas livrai-nos sempre de todos os perigos, ó
Virgem gloriosa e bendita”. Parece que foi no Egito que surgiu a
expressão Theotokos (Dei Genitrix = geradora de Deus, Mãe de Deus) para
falar da maternidade divina.
No entanto, no século V, o Patriarca de Constantinopla, Nestório,
opôs-se decididamente a essa verdade de fé. Ele dizia que em Cristo há
duas pessoas, a humana e a divina, que se uniam através duma espécie de
“pessoa de união”. Como a pessoa divina de Jesus tem como referência o
próprio Pai eterno, consequentemente Maria só poderia ser Mãe da pessoa
humana de Jesus. Na falsa opinião de Nestório, Maria é Mãe de Cristo
(da sua pessoa humana) e não Mãe de Deus. Essa afirmação escandalizou
os cristãos da época: a doutrina de Nestório vai contra a fé que nos
foi transmitida pelos Apóstolos de Jesus Cristo.
São Cirilo de Alexandria, chamado “o teólogo da encarnação”, em
consonância com o Papa Celestino I, defendeu com inteligência e fervor
que foi o Verbo, a segunda Pessoa da Santíssima Trindade, quem se fez
carne e que Maria é, portanto, a Mãe de Deus. O Concilio de Éfeso (ano
431) ratificou essa doutrina e esclareceu que Maria é Mãe de Deus não
porque “a natureza do Verbo ou a sua divindade tivesse tido origem da
Santa Virgem, mas porque dela nasceu o santo corpo dotado de alma
racional, à qual o Verbo uniu-se substancialmente, e assim se diz que
nasceu segundo a carne” (DZ 251). Resumindo: em Cristo há uma só
Pessoa, a divina, e duas naturezas, a humana e a divina; é a Pessoa
divina quem se encarna assumindo assim a natureza humana. Por outro
lado, não conheço nenhuma mulher que seja mãe da natureza humana em
geral, mas de Antônio, Joaquim, Maria, etc., de pessoas concretas; as
mães não são mães de naturezas abstratas, mas de indivíduos. Santa
Maria também, ela é Mãe de uma Pessoa, do Verbo do Pai; logicamente,
não porque ela tenha gerado a Pessoa divina na eternidade, mas porque
ela a gerou segundo a humanidade quando chegou a plenitude dos tempos
(cf. Gl 4,4), ou seja, dela nasceu o Verbo feito carne, Jesus Cristo:
ela é Mãe de Deus enquanto que o Verbo fez-se carne nela.
Quando o Povo fiel soube que o Concilio de Éfeso proclamara que
Maria é Mãe de Deus, encheu-se de grande júbilo. Nós também, em união
com os cristãos de todos os tempos, alegramo-nos com essa verdade e
damos graças a Deus porque ela também é nossa Mãe. Que bom começarmos
um novo ano com uma celebração em honra de Nossa Senhora! Ela sempre
nos leva a Jesus, o seu conselho para o ano que se inicia é este:
“Fazei tudo o que ele vos disser” (Jo 2,5). Se fizermos o que a nossa
Mãe nos diz seremos muito felizes durante esse ano e durante toda a
vida, seremos guiados por uma Mãe tão boa e nos sentiremos seguros.
Como ser cristão e não ser mariano? Entende-se sem compreender. Ser
cristão e não ser mariano é uma contradição! Sinceramente, é difícil
compreender esses cristãos, que ao levarem o nome de Cristo não querem
levar o de Maria! Não podemos ser indelicados e pouco elegantes para
com Nosso Senhor desmerecendo a sua própria Mãe, aquela que ele tanto
ama. Não é verdade que nós também nos sentiríamos ofendidos se alguém
começasse a falar mal de nossas mães? Temo pelos que não amam Nossa
Senhora!
Hoje também é o dia mundial da paz. Peçamos ao nosso único Salvador
Jesus Cristo, por intercessão de Santa Maria Rainha da Paz, que nos
conceda a paz, a verdadeira paz!
Pe. Françoá Costa
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