Neste final deste ano litúrgico vamos sendo envolvidos pelos textos de Lucas, escritos no gênero literário apocalíptico. Há catástrofes, há cataclismos, mas no meio de tudo isso nasce esperança. O evangelista usa uma série de elementos terrificantes e amedrontadores. Fala de catástrofes vividas na adorável Jerusalém. Tudo parece se desfazer em pedaços, tudo é dramático: fuga para as montanhas, mulheres grávidas que estão para dar a luz sem paz, homens desmaiando de medo, as forças dos céus se abalando, pavor das ondas do mar... Todas essas imagens, de alguma forma, se tornaram realidade dura em catástrofes climáticas acontecidas nos últimos anos em diferentes partes do globo. Sabemos que o gênero literário apocalíptico, no entanto, aponta para uma porta aberta e para um céu toldado de cores alegres. “Então, eles verão o Filho do homem vindo numa nuvem com grande poder e glória. Quando essas coisas começarem a acontecer, levantai-vos e erguei a cabeça, porque a vossa libertação está próxima”. De alguma forma, no texto de Lucas, está pintada a história das comunidades da Igreja de ontem e de hoje, como também nossa trajetória pessoal. A comunidade da Igreja, ao longo de seus milênios de vida, conheceu momentos de santidade e de vitória. | Houve os amores dos começos em que todos tinham tudo em comum, todos se alimentavam da pregação, partilhavam da mesa do pão e da eucaristia. Houve o tempo da catacumbas e das perseguições. Houve o tempo em que o mundo se tornou cristão, talvez mais de nome do que por convicção. Tempo de ir para o deserto com Antão e depois de fundar uma forma nova de entrega a Deus no monarquismo. Houve o tempo das cruzadas e dos mendicantes. O tempo da divisão da Igreja única e o surgimento dos reformados. Em muitas dessas e de outras travessias que deixamos de mencionar, o sol parecia perder seu brilho e as estrelas caírem dos céus... E depois de transformações e crises a Igreja se levantou e viu o Filho do homem chegando nas nuvens do céu. Não seria nossa época um tempo de certos “tsunamis” interiores? Não precisaríamos, hoje, levantar a cabeça e descobrir o Filho do homem que vem nas nuvens dos céus? Em nossa história pessoal de seguimento de Cristo, com nossos cansaços, nossa impressão de que as coisas custam a acontecer, quando acontece que, como as virgens dorminhocas não temos mais disposição de esperar o Esposo que tarda a chegar. Ora, quando essas coisas começarem a acontecer será preciso levantar a cabeça porque nossa libertação está próxima... |
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