A primeira parte do evangelho de Marcos apresenta de maneira
velada a obra messiânica de Jesus. Falou-se até de um “segredo
messiânico”. Jesus traz o Reino de Deus presente, mas não de modo
manifesto; apenas o deixa entrever
em sinais de sua autoridade (1, 21; 2,10 etc). Inclusive, os demônios que ele expulsa o reconhecem antes dos próprios discípulos! As parábolas (Mc 4) falam da presença escondida do Reino. Os gestos de Jesus apontam para o Reino (a partilha do pão), mas os discípulos não o entendem (8, 14-21). A abertura dos olhos do cego de Betsaida anuncia uma mudança (8, 22-26). Os discípulos reconhecem Jesus como Messias, mas em categorias humanas, sem entender seu caminho de Servo Sofredor (8, 27-30.31-33). Nos caps. 8 a 10, mediante os anúncios da Paixão e os ensinamentos sobre o seguimento e o serviço, surge uma espécie de compreensão, simbolizada pela abertura dos olhos do cego de Jericó (10, 46-52). Mas Jerusalém continua na ambigüidade. Jesus entra na cidade sentado num burrinho, como o Messias humilde descrito no profeta Zacarias, mas o povo o aclama; como Filho de Davi. Ora, Davi era guerreiro. Será que o povo entendeu que tipo de Messias Jesus realiza? Jesus é mais que um filho de Davi.É o filho querido de Deus (1, 11; 9,7; 15,39) que, em obediência ao incansável amor do Pai, dá sua vida e realiza plenamente a figura do “Servo” descrita em Isaías 53.
em sinais de sua autoridade (1, 21; 2,10 etc). Inclusive, os demônios que ele expulsa o reconhecem antes dos próprios discípulos! As parábolas (Mc 4) falam da presença escondida do Reino. Os gestos de Jesus apontam para o Reino (a partilha do pão), mas os discípulos não o entendem (8, 14-21). A abertura dos olhos do cego de Betsaida anuncia uma mudança (8, 22-26). Os discípulos reconhecem Jesus como Messias, mas em categorias humanas, sem entender seu caminho de Servo Sofredor (8, 27-30.31-33). Nos caps. 8 a 10, mediante os anúncios da Paixão e os ensinamentos sobre o seguimento e o serviço, surge uma espécie de compreensão, simbolizada pela abertura dos olhos do cego de Jericó (10, 46-52). Mas Jerusalém continua na ambigüidade. Jesus entra na cidade sentado num burrinho, como o Messias humilde descrito no profeta Zacarias, mas o povo o aclama; como Filho de Davi. Ora, Davi era guerreiro. Será que o povo entendeu que tipo de Messias Jesus realiza? Jesus é mais que um filho de Davi.É o filho querido de Deus (1, 11; 9,7; 15,39) que, em obediência ao incansável amor do Pai, dá sua vida e realiza plenamente a figura do “Servo” descrita em Isaías 53.
A narração da Paixão fornece uma chave para abrir esse segredo. O
sumo sacerdote pergunta a Jesus se ele é o Messias, o Filho de Deus.
Jesus responde “Sou, sim, e vereis o Filho do Homem sentado à direita
do Todo-Poderoso e vindo com as nuvens do céu” (Mc 14, 61). O mundo
pergunta se ele é o Filho de Deus e ele responde que é o Filho do
Homem… Este Filho do Homem é uma figura que vem da profecia de Daniel
(7, 13-14). É o enviado celestial que esmaga as quatro feras que
disputam o domínio sobre o mundo. Simboliza o Reino de Deus. O Reino de
Deus, que vence os reinos “ferozes” deste mundo, tem rosto humano. Para
nós, tem o rosto de Jesus.
Assim, na Paixão de Jesus, Filho do Homem e Filho de Deus significam
a mesma coisa. Jesus é o Filho querido de Deus, que une sua vontade à
do Pai, para, pelo dom da própria vida, vencer as feras que dominam
este mundo e quebrar sua força definitivamente. Ao ser condenado pelo
sumo sacerdote de seu povo, ele se proclama portador de uma autoridade:
a do Filho do Homem. Quando ele morre na cruz, por causa da justiça e
do amor, o representante do mundo universal, o militar romano, exclama:
“Este era de fato Filho de Deus”. Ambos os títulos significam o
respaldo que Deus dá a Jesus, e que se verificará na gloriosa
ressurreição dentre os mortos. Jesus é vencedor pela morte por amor em
obediência filial (Filho de Deus), mas também pelo julgamento que
derrota o poder deste mundo (Filho do Homem).
Do livro “Liturgia Dominical”, de Johan Konings, SJ, Editora Vozes
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