Um pouco mais de um mês, para chegar a
festa mais importante do ano, a celebração do acontecimento central e
máximo de toda a história da humanidade, a Páscoa.
E porque ela é tão grande, merece uma preparação à altura. Começa nesta quarta-feira a nossa preparação para a Páscoa.
E como inauguramos esta preparação?
Colocando cinza sobre a nossa cabeça, como sinal de penitência, isto é,
como sinal de que estamos dispostos a nos alinharmos no caminho de Deus
com seu projeto de justiça e paz para todos. Além disso, passamos esse
dia fazendo jejum, também como sinal de penitência.
Serão então quarenta dias de
preparação: Quaresma. A Campanha da Fraternidade deste ano, à luz da
Palavra de Deus, vai nos ajudar na preparação da Páscoa, refletindo
sobre o atual clima de violência que penetra por todos os poros de
nossa sociedade. Seu tema é precisamente este: "Solidariedade e Paz",
com o lema "Felizes os que promovem a paz"(Mt 5,9).
Quarta-feira de Cinzas! Celebramos
neste dia o mistério do Deus misericordioso que acolhe nossa
penitência, nossa conversão, isto é, o reconhecimento de nossa condição
de criaturas limitadas, mortais, pecadoras. Conversão que consiste em
crer no Evangelho, isto é, aderir a ele, viver segundo o ensinamento do
Senhor Jesus. Numa palavra, trata-se de entrar no caminho pascal de
Jesus. "Convertei-vos, e crede no Evangelho": é o convite que Jesus faz
(cf. Mc 14,15).
Esta palavra, a gente ouve, recebendo
cinzas sobre a nossa cabeça. Por que cinzas? É para lembrar que, de
fato somos pó! Mas não reduzidos a pó!... A fé em Jesus ressuscitado
faz com que a vida renasça das cinzas. Quando o ser humano reconhece
sua condição de criatura realmente necessitada da ação de Deus, em
Cristo e no Espírito, então Jesus Cristo faz brotar vida de nossa
condição mortal. Reconhecer-se assim, é entrar numa atitude pascal,
isto é, de passagem com Cristo da morte para a vida. Esta páscoa, a
gente vive na conversão, através dos exercícios da oração, do jejum e
da esmola ou partilha de bens e gestos solidários, no espírito do
Sermão da Montanha.
Páscoa que celebramos na Eucaristia,
pela qual aclamamos Deus como aquele que, acolhendo nossa penitência,
corrige nossos vícios, eleva nossos sentimentos, fortifica nosso
espírito fraterno e, assim, nos dá a graça de nos aproximarmos do seu
jeito misericordioso de ser, e nos garante uma eterna recompensa.
Por isso que o sacerdote, em nome de
toda a assembleia, canta na Oração Eucarística: "Senhor, Pai santo,
Deus eterno e todo-poderoso..., vós acolheis nossa penitência como
oferenda à vossa glória. O jejum e abstinência que praticamos,
quebrando nosso orgulho, nos convidam a imitar vossa misericórdia,
repartindo o pão com os necessitados [...] Pela penitência da Quaresma,
vós corrigis nossos vícios, elevais nossos sentimentos, fortificais
nosso espírito fraterno e nos garantis uma eterna recompensa" (Prefácio
da Quaresma III e IV).
Junto com a oferta total de Cristo ao
Pai, pelo Espírito Santo, na Liturgia Eucarística, une-se também a
oferta de nossa penitência quaresmal. E Deus, por sua vez, nos
recompensa com o corpo entregue e o sangue derramado de seu Filho
Jesus, na santa comunhão.
Que o Cristo pascal nos ajude, para que
o nosso jejum seja realmente agradável a Deus e nos sirva de remédio
para a cura dos nossos vícios. E assim possamos celebrar dignamente a
santa Páscoa de Cristo e nossa Páscoa.
Frei José Ariovaldo da Silva, OFM
Mestre em Sagrada Liturgia, professor do Instituto Teológico Franciscano de Petrópolis - RJ
Frei José Ariovaldo da Silva, OFM
Mestre em Sagrada Liturgia, professor do Instituto Teológico Franciscano de Petrópolis - RJ
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