"EU SOU O BOM PASTOR;O BOM PASTOR DÁ A SUA VIDA PELAS OVELHAS."( JO 10,11)

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PAX ET BONUM

sábado, 18 de fevereiro de 2012

Liturgia Dominical

O Messias e o pecado

No domingo passado, Mc nos mostrou Jesus como tendo o poder de superar a marginalização (do leproso). Hoje, mostra-o vencendo uma exclusão pior: a do pecado (evangelho). História pitoresca: Jesus contando suas parábolas, o povo apinhado em torno dele, o pessoal chegando com o paralítico deitado numa maca, subindo ao telhado, abrindo o teto de pau recoberto. O paralítico baixado com cordas diante dos pés de Jesus, a consternação dos que sentavam na primeira fila, os escribas, os teólogos… E aí a surpresa do paralítico: em vez de curá-lo, Jesus lhe perdoa o pecado. E quando então os teólogos na primeira fila (que sabem mais sobre Deus que ele mesmo) começam a protestar, dizendo que só Deus pode perdoar o pecado, Jesus realiza o sinal da cura para mostrar sua autoridade: a autoridade do “Filho do Homem”(o executivo do juízo de Deus na visão de Dn 7,13-14).
A história não contou que o aleijado era pecador. Mas Jesus o sabia. Aliás, quem não é? Jesus se revela como detentor do poder-autoridade de Deus. Ele é mais que um curandeiro. Ele tem poder sobre o pecado. Ele é o “Filho do Homem”. O que ele veio fazer não era tanto tirar as doenças físicas, mas cassar o pecado. Deus não quer nem mais se lembrar do pecado do povo (1ª leitura). Curar, até os médicos conseguem. Perdoar, só Deus… e seu “executivo”.
Também o povo messiânico, como se concebe a Igreja, deve em primeiro lugar combater o pecado, ora denunciando, ora perdoando – nunca tapeando. Deve apontar o mal fundamental que está no coração das pessoas e na própria estrutura da sociedade. Para mostrar que tem moral para fazer isso, servem os sinais: dar o exemplo, aliviar a miséria material do mundo, lutar por estruturas justas, por mais humanidade, por tudo o que cure e enobreça os filhos e filhas de Deus. O empenho para melhorar, em todos os sentidos, a vida das pessoas autoriza a Igreja a denunciar o mal moral e a urgir a terapia adequada, que é a conversão das pessoas e da sociedade.
Com o esmorecer do socialismo, a sociedade mostra descaradamente que pretende solucionar os problemas materiais pela via do cinismo, pelo poder do mais forte. A própria medicina não hesita em se autopromover à custa da ética, recondicionando a casa, mas deixando apodrecer valores pessoais por dentro. Há quem ache que a Igreja deveria primeiro melhorar as condições materiais, a saúde, a cultura etc., para dar mais “base” à sua mensagem “espiritual”. Mas Jesus pronuncia primeiro o perdão do pecado e depois mostra que ele tem poder para tratar da enfermidade material. Observando com lucidez nossa sociedade, parece que o mais urgente é livrar as pessoas do mal fundamental, que é o pecado. Então, a libertação total, inclusive histórica e material, deitará raízes num chão livre da erva daninha do pecado, e não faltarão recursos para dignificar a vida em todas as suas dimensões.
Do livro “Liturgia Dominical”, de Johan Konings, SJ, Editora Vozes

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