
Isaias, na leitura de hoje, alude discretamente à promessa feita por Deus a Abraão. “Tua descendência seria como a areia do mar…”. Em Cristo a profecia se cumpre… Que o texto de Gregório de Nazianzo, que aqui transcrevemos, nos ajude a preparar o coração para o nascimento do Menino. Encerra muita beleza…
O próprio Filho de Deus, que existe desde toda a eternidade, o invisível, o incompreensível, incorpóreo, princípio que procede do principio, luz nascida da luz, fonte da vida e da imortalidade, a expressão do arquétipo, divino, o selo inamovível, a imagem perfeita, a palavra e o pensamento do Pai, vem em ajuda da criatura feita à sua imagem, e por amor do homem se fez homem. Para purificar aqueles de quem se tornou semelhante, assume o que é humano, menos o pecado. Foi concebido por uma virgem já santificada pelo Espírito Santo, no corpo e na alma, para honrar a maternidade e ao mesmo tempo exaltar a excelência da virgindade; e assumindo a humanidade sem deixar de ser Deus, uniu em si mesmo duas realidades contrárias, a saber, a carne e o espírito. Uma delas conferiu a divindade, a outra recebeu-a.
Aquele que enriquece os outros torna-se pobre. Aceita a pobreza da minha condição humana para que eu possa receber os tesouros de sua divindade. Aquele que possui tudo em plenitude, aniquila-se a si mesmo; despoja-se de sua glória por algum tempo, para que eu participe de sua plenitude.
Quais são essas riquezas de bondade? Qual é esse mistério que me concerne? Recebi a imagem divina mas não soube conservá-la. Ele assumiu a minha condição humana para restaurar a perfeição dessa imagem e dar a imortalidade a esta minha condição mortal. Assim estabelece conosco uma segunda aliança, muito mais admirável que a primeira.
Convinha que a santidade fosse dada ao homem mediante a humanidade assumida por Deus. Convinha que ele triunfasse desse modo sobre o tirano que nos subjugava, para nos restituir a liberdade e reconduzir-nos a si através de seu Filho, nosso Mediador; e Cristo realizou, de fato, esta obra redentora para a glória de seu Pai, que era o objetivo de todas as suas ações.
O bom Pastor, que dá a vida por sua ovelhas, veio ao encontro da que estava perdida, procurando-a pelos montes e colinas onde tu sacrificavas aos ídolos, tendo-a encontrado, tomou-a sobre seus ombros – os mesmos que carregaram a cruz – reconduzindo-a à vida eterna.
Liturgia das Horas I, p. 130-132
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