"EU SOU O BOM PASTOR;O BOM PASTOR DÁ A SUA VIDA PELAS OVELHAS."( JO 10,11)

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PAX ET BONUM

domingo, 14 de agosto de 2011

Fé fora da Igreja?



Sempre mais nós cristãos temos de
colaborar com não-cristãos. Mesmo
em obras que têm sua origem na
Igreja, nas "pastorais", colaboramos
com muita "gente boa", mas que não
vai à igreja aos domingos ou que, pura
e simplesmente, não pertence à Igreja.
Não existem fora da Igreja muitas
pessoas que fazem o bem, até mais
do que os "bons cristãos"? Essas
pessoas têm fé?

Quando, pelos anos 500 a.C., estavam voltando do exílio babilônico, os judeus guardaram um trauma dos estrangeiros que durante cinquenta anos os tinham reduzido à escravidão e ocuparam as terras que uma vez pertenceram às tribos de Israel. Nessas circunstâncias, Deus Ihes fez saber que ele está acima disso e que a sua casa - o templo - será uma casa de oração para todos os povos (lª leitura).
O evangelho narra como Jesus, durante suas peregrinações, visita regiões na periferia do mundo judeu, lá onde moram os pagãos. Uma mulher pagã lhe pede a cura de sua filha. Jesus responde que foi enviado aos judeus. A mulher, porém, lhe pede "as migalhas que caem da mesa" ... Diante de tamanha fé, Jesus conclui que a salvação é destinada também a ela e a sua filha.
Atenção especial merece a 2ª leitura. São Paulo, judeu de coração, vê que, na realidade, os pagãos estão tomando a dianteira dos judeus, no que concerne à fé em Jesus Cristo. A incredulidade dos judeus deu aos pagãos (os não-judeus) até maiores chances (veja 11,32)! Mas um dia, diz Paulo, os judeus também hão de entrar ...
Fortemente apegados às suas tradições, os conterrâneos de Jesus tinham tendência a monopolizar a graça de Deus; queriam-na como privilégio exclusivo. Mas a graça é de graça, ela não pode ser apropriada em exclusividade. Ela pode ser dada a todos aqueles que a ela se abrem, e essa abertura se chama "fé".
Também nós temos tendência a limitar a salvação aos cristãos, ou mesmo à Igreja católica. O que não é católico, não presta ... mas a fé é maior que as instituições da Igreja; e, por outro lado, o rótulo "católico" não garante a fé! Todo o bem realizado por setores ou sociedades não cristãs representa, no mínimo, as migalhas que caem da mesa de Deus ...
Observemos a história do Brasil. No século XIX, quando a Igreja católica ainda usufruía de um quase-monopólio, muitas pessoas conscientes se afastaram dela. Mais recentemente, com a abertura política, distanciaram-se da Igreja muitas pessoas que durante a ditadura nela haviam encontrado espaço para o trabalho de conscientização e organização popular. Certos cristãos ficaram magoados por causa disso. Por quê? Se esses "afastados", sem laço com a instituição da Igreja, fazem coisa boa, não será uma coisa de Deus? (E se não for coisa boa, é melhor que fiquem fora da Igreja ... ) Abandonemos as atitudes exclusivistas. Vamos admitir e admirar a graça fora da Igreja-instituição e, com o devido discernimento, prestar a nossa colaboração.
Do livro "Liturgia Dominical", de Johan Konings, SJ, Editora Vozes

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